Se fosse fácil ser um homem de negócios de bem-sucedido, milhares de empresas não fechariam as portas todos os anos acredita David Neeleman, fundador da JetBlue e da Azul Linhas Aéreas.,
que faz a receita para o sucesso parecer simples. Segundo ele, são três os principais pilares para se construir uma empresa que saiba conquistar bolsos e corações.

O primeiro deles é investir em capital humano. “Empregados felizes são os melhores empregados. Todos os seus funcionários precisam pensar que sua empresa é o melhor lugar em que eles já trabalharam na vida”. E quando o empresário diz todos, ele realmente quer dizer todos. “Na Azul, quem limpa o banheiro tem a mesma importância de quem pilota os aviões”, afirma.

O segundo ponto crucial é ser impecável no atendimento ao consumidor. Tal preocupação faz com que Neeleman receba quatro vezes ao dia relatórios das atividades do call center da Azul. Faz também com que todos os funcionários da companhia aérea que tenham contato direto com os clientes da empresa não sejam terceirizados, mesmo em setores em que isso é comum, como o de call center.

E se porventura algo sair errado e você não for impecável? Bom, o terceiro pilar é exatamente esse: saiba contornar a situação e satisfazer o seu cliente, porque a realidade é cruel. “Um cliente chateado fala com dez, um cliente satisfeito com dois”.

Nessa linha, a Azul montou uma estratégia para lidar com atrasos superiores a uma hora nas partidas de seus voos. Quando isso acontece, os passageiros afetados pela demora ganham um crédito de R$ 50 para gastar no próximo voo que tomarem da companhia aérea. “Com isso, você pode virar o jogo e ter um cliente mais fiel do que se não tivesse passado por problema algum”. Essas dicas nada têm de simples, mas a história de vida de Neeleman nos aconselha a ouvi-lo com atenção.

DO BRASIL PARA OS EUA E VICE VERSA



Brasileiro de nascença nascido em 1959, Neeleman deixou o país aos cinco anos de idade para viver nos Estados Unidos, onde sua família morava antes de seu pai vir trabalhar no Brasil como jornalista. Ele voltaria ainda ao país aos 19 anos para trabalhar como missionário da igreja mórmon. Foi quando reaprendeu a falar português, ainda que com forte sotaque. A próxima aventura em solo brasileiro seria o lançamento da Azul Linhas Aéreas, décadas mais tarde.

O espírito empreendedor de Neeleman pode ser notado desde cedo em sua biografia. Seu primeiro emprego foi vender pacotes turísticos para o Havaí para seus colegas de faculdade. Não tardou muito para abrir sua primeira empresa. Aos 23 anos, o brasileiro iniciava seus negócios no setor da aviação fundando a Morris Air. O reconhecimento internacional, entretanto, viria com a criação da JetBlue em 1999.

“Quando fundei a JetBlue, queria construir a melhor companhia aérea dos Estados Unidos. Depois, descobri que era possível ser a melhor companhia do país, sem ser realmente bom. Decidi então fundar uma boa companhia”, diz.

Mas como escolher qual negócio montar? É pensando exatamente nisso: aonde você pode fazer a diferença. “Pense no que você tem condições de fazer melhor do que os outros. Eu achava que entrando no ramo da aviação conseguiria ser mais eficiente e oferecer preços melhores”. Não dá para falar que não deu certo.

 Em 2013, o presidente da Azul, David Neeleman, anunciou investimento de R$ 100 milhões na Vigzul, empresa no segmento de monitoramento para residências e pequeno e médio varejo.

Além dos irmãos David Neeleman e Mark Neeleman, o aporte de recursos para o investimento foi feito também pelo fundo de private equity Peterson Partners, o mesmo que tem uma fatia da Azul Linhas Aéreas.

A Vigzul fornece sistemas e serviços de monitoramento para vigilância de residências e lojas de pequeno e médio portes. “Uma coisa que aprendi no Brasil é que o brasileiro quer saber quanto [serviço ou produto] vai custar por mês”, disse Neeleman.

A Vigzul terá foco em clientes das classes A, B e C. O custo de instalação dos sistemas será dividido ao longo do contrato, eliminando o valor da entrada, para atrair a classe média baixa, afirmou Mark Neeleman, sócio do irmão David no projeto.

O plano da empresa, é atingir a meta de 40 mil clientes em três anos. “Não é a Azul. São empresas totalmente separadas. Mas é do mesmo dono, com a mesma eficiência”, disse Neeleman.

No projeto de expansão, a Vigzul quer atingir 12 mil clientes em Campinas e avançar por Jundiaí e Sorocaba. “Queremos atingir outras 30 cidades brasileiras com mais de 400 mil habitantes”, disse David Neeleman, que projeta o retorno do investimento para um horizonte além de três anos.