Fundador e presidente da Bernhoeft Consultoria Societária , fundada em 1973 para apoiar sociedades empresariais e famílias empresárias a perpetuar seu conjunto de valores e seu patrimônio.
Conferencista internacional e consultor de empresas nas áreas de profissionalização e sucessão de empresas familiares e formação de sucessores. Já atendeu no Brasil, centenas de empresas como consultor, atuando também na Espanha, Portugal, México, Chile, Peru, Colômbia e Paraguai.
Autor de treze livros nas áreas de administração e sociedades familiares. Desde 2002 é membro da rede mundial de consultores FBCGi – Family to Business Consulting Group International.
Entevista:
Quais as vantagens competitivas das empresas familiares?
As empresas familiares podem ter inúmeras vantagens sobre as chamadas não familiares. Conseguem maior lealdade dos funcionários pela proximidade com os detentores do poder. O processo decisório – enquanto houver entendimento entre os familiares e sócios – pode ser muito mais rápido e ágil. Adaptam-se de forma muito mais ágilàs mudanças do mercado.
Podem criar sistemas de incentivo a remuneração mais flexíveis. Apresentam visão e estratégia de longo prazo.
Existem ramos de negócio onde a gestão familiar é mais eficiente?
Não existem ramos onde a gestão familiar é mais competente. As empresas familiares estão presentes em todos os segmentos. Todas as empresas – com exceção às estatais – iniciam como familiares ou multi familiares . A longo prazo elas podem se tornar empresas de:
– controle familiar e gestão familiar
– controle familiar e gestão não familiar
– controle familiar e gestão mista (executivos familiares e não familiares)
Quais os principais conflitos que apresenta a empresa familiar?
Os principais conflitos são:
– a mistura ente questões afetivas familiares e de negócios repercutindo negativamente na empresa.. Um grupo, e principalmente, uma sociedade se fortalece na medida em que desenvolve formas, mecanismos e posturas pra administrar seus conflitos. Numa sociedade familiar, estes nascem na família, nas relações pessoas, nas divergências ou lutas pelo poder da empresa.
– a falta de clareza dos herdeiros de que vão herdar um pedaço de uma sociedade com sócios que não tiveram a liberdade de escolherem. O modelo de sociedade da primeira geração é uma sociedade de trabalho, pois este gera e divide o capital, mas na segunda geração, o modelo se inverte e é uma sociedade de capital onde há a pulverização dos sócios herdeiros e não necessariamente todos irão trabalhar nas empresas.
– o fundador não tratar do assunto sucessão em vida. Após o velório é mais difícil encontrar soluções, devido ao forte envolvimento emocional das pessoas.
Como resolvê-los?
A solução dos conflitos e interesses na empresa familiar vem pelos seguintes passos:
– procurar tratar desses assuntos preferencialmente com os fundadores em vida
– permitir aos herdeiros a possibilidade optarem por ser apenas sócios, sócios conselheiros ou sócios gestores
– estabelecer um modelo para o funcionamento da sociedade
– estabelecer um modelo para o funcionamento da sociedade especificando uma estrutura de poder que separe a propriedade da gestão
– fixar de forma participativa, para firmar compromissos, em Acordo Societário que contemple todas as questões que poderão dificultar a continuidade da sociedade e da empresa.
– implementar um modelo de gestão que tenha clara sua subordinação ao capital.
Quais as perspectivas para a empresa familiar numa economia globalizada?
A empresa familiar tem muito futuro. Cada vez mais. Ele depende não apenas das condições de mercado e da economia. Parte das soluções tem relação direta com a capacidade de profissionalizar tanto o controle do capital como a gestão dos negócios. Por isso, é um mercado emergente para executivos não familiares. O que existe é o grande desafio