Abilio dos Santos Diniz nasceu em São Paulo, em 28 de dezembro de 1936. Católico praticante, vai à missa semanalmente e frequenta a igreja Santa Rita de Cássia, na Vila Mariana, todo dia 22. Sua mãe, Floripes, foi sua principal influência no catolicismo. O pai Valentim iniciou-lhe, desde cedo, no mundo do trabalho e dos negócios. Com fé, conhecimento e determinação, Abilio criou e desenvolveu, junto com o pai, o maior grupo varejista do País, o Pão de Açúcar.
Sua vida é marcada pela paixão esportiva, convertida em ferramenta de autoconhecimento, busca do equilíbrio e evolução pessoal. O primeiro lugar onde se percebeu uma pessoa hábil e se sentiu vitorioso foi debaixo de um gol, nos jogos de futebol de rua no bairro do Paraíso, onde morou durante a infância, ou na Várzea do Glicério, perto da segunda padaria do pai, na Liberdade. Nesses ambientes, ao longo dos anos 40, Abilio começou a fortalecer seu espírito e seu corpo e também a testar sua capacidade de liderança.
O talento de goleiro no futebol, e depois nas lutas, deu-lhe autoestima e consolidou sua crença na capacidade do esporte como atividade transformadora. Começou a praticar atividades físicas com regularidade aos 11 anos, quando ainda estudava no Colégio Anglo Latino, escola onde cursou os dois primeiros anos do ginásio. Sem perder de vista o futebol, aprendeu judô, boxe e capoeira e, ainda adolescente, iniciou-se na musculação e no levantamento de peso, na academia Atlas, em pleno centro de São Paulo.
Abilio conseguia conciliar sua rotina de esportista com suas responsabilidades de estudante. Após o término do segundo grau no colégio Mackenzie, foi para a recém-criada Escola de Administração de Empresas da Fundação Getúlio Vargas (FGV), em 1956. Lá, fez parte da segunda turma da graduação e teve seu interesse despertado pela pesquisa acadêmica na área de Economia.
Finalizado o curso de administração, Abilio pensou em trabalhar em uma multinacional ou continuar seus estudos de pós-graduação nos Estados Unidos. Chegou a fazer exames para a universidade de Michigan, mas quando já estava de malas prontas, seu pai lhe propôs a abertura de um supermercado. Abilio refez seus planos, assumiu um cargo executivo na empresa e encabeçou o projeto de implantação do primeiro supermercado Pão de Açúcar, inaugurado em abril de 1959, na Avenida Brigadeiro Luiz Antônio, bem perto de onde funcionava a doceira aberta por Valentim onze anos antes.
Começava aí o longo período de vitórias no esporte e de prosperidade na carreira do empresário. Já no ano seguinte, Abilio se casaria com Auri. Juntos tiveram quatro filhos: Ana Maria, João Paulo, Pedro Paulo e Adriana. Os supermercados atraíam a classe média e eram sucesso no Brasil. Em 1963, foi aberta a segunda loja, na rua Maria Antonia, em Higienópolis. Em 1965, adquiriu a rede Sirva-se, pioneira do negócio em São Paulo, junto com o Peg-Pag.
Em 1968, o Pão de Açúcar já contava com 40 supermercados e 1.642 funcionários e Abilio se firmara como um destacado executivo da empresa, jovem e empreendedor. Também mantinha uma nova rotina esportiva, agora orientada para a velocidade. No final dos anos 60, começou a disputar provas de motonáutica e conquistou o tricampeonato brasileiro, em 1968, 1969 e 1970. Em outras pistas, disputou provas de automobilismo e ganhou, em dupla com o irmão Alcides, as Mil Milhas de Interlagos, em 1970.
Uma importante experiência na vida de Abilio foi sua participação no governo, como membro do Conselho Monetário Nacional, onde, convidado pelo amigo Mário Henrique Simonsen, permaneceu por dez anos, entre 1979 e 1989. Nesse período, contribuiu para buscar soluções para a economia brasileira, mas se afastou excessivamente dos negócios da empresa.
A vida de Abilio tem um ponto de ruptura justamente na virada dos anos 80 para os 90, quando três fatos marcantes mudaram sua visão de si mesmo e do mundo e transformaram sua personalidade. Foram situações traumáticas, que lhe trouxeram ensinamentos e oportunidades de mudança.
O primeiro fato foi o racha familiar causado por problemas sucessórios no Pão de Açúcar que envolvia Abilio e seus irmãos. A tensão só se dissipou em janeiro de 1994, quando foi assinado o acordo que garantiu o controle da companhia para Abilio. O segundo foi o seqüestro, no dia 11 de dezembro de 1989. O empresário passou sete dias no cativeiro, em um cubículo subterrâneo, e eliminou da sua mente a crença de ser um homem inatingível e indestrutível. Finalmente, o último fato foi o quase desaparecimento do próprio Pão de Açúcar, que esteve à beira da falência em 1990.
No enfrentamento desses problemas, Abilio foi bem-sucedido e concluiu que a virtude poderia estar mais na humildade e na tolerância do que na combatividade ou na agressividade, por exemplo. Reafirmou sua profunda relação com Deus. E, nas suas próprias palavras, nasceu um sujeito menos áspero e briguento que passou a compreender melhor o sentido do amor, do autoconhecimento e da religião em sua vida. A raiva e frustração da experiência do seqüestro foram convertidas em alimento para sua elevação espiritual e para seu desenvolvimento afetivo.
O que veio depois da crise do início dos anos 90 foi uma renovada busca do equilíbrio pessoal e o reencontro com o sucesso dos negócios. Com determinação e disciplina, dois de seus traços distintivos, Abilio lançou o Pão de Açúcar em mais um longo ciclo de expansão e lucros. No esporte, o empresário aumentou seu interesse pelas corridas de longa distância e, em 1994, correu sua primeira maratona em Nova York, um de seus maiores orgulhos.
Ainda nesse período, costurou a sociedade entre o Pão de Açúcar e o grupo francês Casino. Em busca da profissionalização, Abilio abriu mão da presidência executiva do Grupo em 2003 e passou a exercer a função de presidente do Conselho de Administração do Grupo. Em 2009, o Grupo Pão de Açúcar comprou a rede Ponto Frio, e em 2010, associou-se a Casas Bahia.
Em 2000, Abilio Diniz conheceu a economista Geyze Marchesi em um evento do Grupo Pão de Açúcar. Geyze fez carreira na companhia, onde ingressou como trainee em 1996. Ambos reconhecem que o amor que os uniu foi construído por uma relação de amizade e companheirismo: no trabalho, nos esportes, na fé em Deus e nos valores que comungam. Abilio trouxe Geyze para o mundo dos esportes. Por outro lado, Geyze humanizou ainda mais o empresário Abilio Diniz. Casaram-se em 2004. Geyze queria constituir uma família, enquanto Abilio, com filhos e netos, sentia-se realizado. Nesse impasse, porém, o homem que sempre falava de empatia cedeu. Resultado: em 2006 nasceu Rafaela, a primeira filha do casal, e em novembro de 2009, foi celebrada a chegada de Miguel.
Em abril de 2013, Abilio assumiu a presidência do Conselho de Administração da BRF e em setembro deixou a presidência do Conselho de Administração do Grupo Pão de Açúcar. Em dezembro de 2014, a Península, empresa de investimentos de sua família, adquiriu participação acionária no capital do Carrefour Brasil, do qual o empresário agora ocupa uma das cadeiras do Conselho. Já em março de 2015, a Península adquiriu ações do Carrefour S.A., e, um ano depois, tornou-se a terceira maior acionista da companhia. Em maio de 2016, Abilio Diniz foi nomeado membro do Conselho de Administração do Grupo Carrefour.
Tipos de trabalhos:
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– Educação / Educadores
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– Empresários / Executivos de Sucesso
– Planejamento e Estratégia