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Cristovam Buarque

Cristovam Ricardo Cavalcanti Buarque nasceu em fevereiro de 1944 em Recife (PE). É casado com Gladys Buarque e tem duas filhas. É filho de um casal de classe média baixa – os pais trabalhavam em uma tecelagem e o adolescente Cristovam ajudava a vender panos e a fazer a contabilidade comercial dos negócios. Quando estudante, trabalhava ministrando aulas particulares de física e matemática, especialidade que o fez optar pelo curso de Engenharia Mecânica, aproveitando o clima desenvolvimentista do país nos anos 50 e 60.

Cristovam foi a primeira pessoa de sua família a ingressar em uma universidade. Na Escola de Engenharia do Recife, seu espelho era Celso Furtado, o criador da Sudene, intelectual que propunha unir o crescimento econômico e a inclusão social por meio da ação do Estado. Em um período de revolta contra a ditadura militar, o estudante Cristovam optou pela militância na Ação Popular (AP), de origem católica, fundada por gente como o sociólogo Herbet de Souza, o Betinho. Isso o fez se aproximar de Dom Hélder Câmara, arcebispo de Olinda e Recife e uma das principais lideranças da esquerda na época. Com o acirramento da tensão política pós-AI 5, Dom Hélder ajudou Cristovam a obter uma bolsa de estudo para cursar o Doutorado em Economia na tradicional Sorbonne, em Paris.

Em Paris, sobreviveu com a mulher, Gladys, graças a uma bolsa de estudante de solteiro, o que o obrigou a trabalhar enquanto estudava. Ali fez amizade com Josué de Castro, geógrafo brasileiro de reconhecimento internacional. Sua tese de doutorado foi sobre a Sudene.

De 1970, quando foi para Paris, a 1979, quando voltou ao Brasil, Cristovam concluiu o doutorado na Sorbonne e trabalhou seis anos no Banco Interamericano de Desenvolviemnto (BID), onde chefiou equipes de elaboração de projetos financiados pela instituição em toda a América Latina. No BID, consolidou a certeza de que o liberalismo econômico não é suficiente para enfrentar a pobreza e incluir os necessitados e que o Estado tem que investir em áreas-chave para que isso aconteça.

Em 1979, voltou ao Brasil para dar aulas no Departamento de Economia da Universidade de Brasília, a convite de Edmar Bacha, o economista que criou a expressão Belíndia para designar o contraste econômico e social existente no país, em que convivem riqueza igual à da Bélgica com uma miséria indiana. Na UnB, onde a democracia foi retomada antes que o mesmo fenômeno ocorresse no resto do país, Cristovam acabou protagonizando evento histórico ao ser o primeiro reitor eleito da instituição. Isso em plenos estertores do regime militar.

Sua administração à frente da universidade fez com que a UnB se tornasse uma referência nas discussões acadêmicas e políticas nacionais e mundiais dos anos 80. Construiu o equivalente a 40% de tudo o que tinha sido feito antes. Abriu o campus para a sociedade e pela primeira vez deu voz a movimentos sociais que depois viriam a se consolidar no cenário nacional – como os seringueiros liderados por Chico Mendes na Amazônia.

Também foi na UnB que ele estabeleceu as linhas gerais de seu pensamento sobre o desenvolvimento econômico e inclusão social, presentes nos 20 livros que escreveu e que podem ser resumidos em algumas expressões. Uma delas, a apartação – como classifica o verdadeiro apartheid social existente no país, com pobres condenados a ser pobres por falta de estudo e oportunidades. Outra, a igualdade de oportunidades – que só é possível com investimentos maciços em educação. Outro, o de choque de ética no capitalismo – que inclui o componente ética no sistema econômico como essencial para a redução das desigualdades.

Foi na UnB, em 1986, que Cristovam projetou as linhas gerais da Bolsa-Escola, programa que ganhou o mundo e consiste em fazer o Estado pagar às famílias pobres para manterem seus filhos nas escolas, uma evolução de projetos de renda mínima, vinculados à assistência social, defendidos pela esquerda. Cristovam ocupou a reitoria da UnB de 1985 a 1989. Saiu de lá diretamente para o governo do Distrito Federal, onde implantou a Bolsa-Escola e dezenas de outros programas sociais que fugiam à lógica da esquerda corporativista e da direita assistencialista. Na economia, propôs parcerias com a iniciativa privada em áreas fundamentais para o desenvolvimento regional.

Assim como a Bolsa-Escola, diversos outros programas implantados por ele cobravam uma contrapartida dos beneficiados. Fez questão de não dar nada de graça e de não usar o Estado para o atendimento apenas de parcelas bem-organizadas da sociedade. Também não fez promessas que não podia cumprir. Administrou com respeito à responsabilidade fiscal, de olho no bem comum e com prioridade às necessidades mais imediatas da população menos privilegiada (principalmente educação e saúde) e à inclusão social.

Seu governo (1995-1998) foi bem avaliado por 80% da população. Além da Bolsa-Escola, Cristovam propiciou outra revolução no Distrito Federal ao promover campanha educativa e repressiva que reduziu em 40% as mortes no trânsito e fez com que o Distrito Federal passasse a ser – e é até hoje – a única unidade da federação em que os motoristas param na faixa para a passagem de pedestres.

Fora do governo, a partir de 1999, criou a organização não-governamental Missão Criança, que manteve viva a Bolsa-Escola em um momento em que o governo federal ainda não havia implantado programa semelhante. Graças à Missão Criança e à pregação incansável de Cristovam, a Bolsa-Escola foi adotada em países da América Latina e da África. Graças a ele, também, uma proposta ousada começou a ser encarada seriamente nos fóruns econômicos mundiais: a da troca de parte da dívida externa dos países do Terceiro Mundo por investimentos em educação. Em busca de apoios para isso, Cristovam cruzou o mundo todo, de Wall Street ao Vaticano. Graças a isso, o governo argentino obteve da Espanha o perdão de parte de sua dívida em troca de investimentos em educação.

Em 2003, foi nomeado ministro da Educação do governo Lula. Sua atuação foi inspirada no amigo Darcy Ribeiro e em Leonel Brizola. Por causa de Brizola, em 1989, recusou-se a ser vice de Lula nas primeiras eleições depois da ditadura militar. Como ministro, alfabetizou mais de 3 milhões de pessoas em um ano – a primeira meta de sua administração, interrompida intempestivamente.

No Senado Federal, é chamado por seu pares como SENADOR DA EDUCAÇÃO, tendo em vista sua defesa intransigente da educação como o caminho para o desenvolvimento e a justiça social.

No Senado, Cristovam já presidiu a Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional, Comissão Mista de Controle das Atividades de Inteligência, Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa e Comissão de Educação, Cultura e Esportes.

TEMAS PARA PALESTRAS

Temas

Ética na Política

Educação

Desafios da Educação Pública

Educação Sustentável



Publicações

¨Le Financement Public des Investissements Privés et Choix Technologique¨,mimeo., Paris, 1973 – Tese de doutorado
¨Le Role de l`Université, in UNESCO – A Critical Look at the Development, Paris, 1973 – Traduzido e publicado in Universities quartely, Londres, Vol. 27, número 3 Summer 1973.

¨Methodology for thr Evaluation of Industrial Multinacional Cooperation Projects¨por solicitação de ONUDI – 1976, editado pela Universidade de Brasília, mímeo, 1980.

¨Elementos para la preparación y la Evaluación de Proyectos¨ publicação como manual, 600 páginas,

e sob a forma de monografias independentes:

Introducción al Estudio de Proyectos, Estudio de Mercado, Tamaño, Ingenieria, Análisis de Sensibilidad, Introducción a la Evaluación Económica, Notas sobre la Tasa Interna (Financiera y Económica) de Retorno, El ordenamiento de Proyectos a través del uso de Puntajes, La Selección de Tecnología en la Evaluación Económica de Proyectos, La Determinación Teórica de os Precios Sombra, Bibliografía para el Estudio de Proyectos. Todas estas monografías foram publicadas pela Divisão de Treinamento do BID nos cursos de prepsração a análise de projetos em Quito (Equador), Tegucigalpa (Honduras), La Paz (Bolívia), Managua (Nicarágua), Caracas (Venezuela), Santos Domingo (República Dominicana), Buenos Aires e Santa Fé (Argentina ).

Também publicados pela ONUDI. Este foi traduzido para português pela Organização Internacional do Trabalho-OIT e publicado em Lisboa em novembro 1979.

Avaliação de Projetos e Distribuição de Rendas entre classes e entre gerações – Universidade de Brasília – mímeo, 1980.

¨Introdução à Economia¨- Universidade de Brasília,mímeo, 1981.

¨Petróleo, Dívidas e Duas Idéias Atrevidas¨- Universidade de Brasília – mímeo, 1981

¨Seleção de Tecnologia nos Projetos Industriais Financiados pela Sudene-CNPq – mímeo, set/1981.

¨O Fetichismo da Energia¨- Universidade de Brasília – revista Pernambucana de Desenvolvimento – Jan/Jun – 1982 – vol. 9 – nº 1

¨Cooperação Sul-Sul¨ – Universidade de Brasília – mímeo, 1982

Tecnologia Apropriada: Uma Política para la Banca de Desarrollo, Editora ALIDE, Lima/Peru, 1982, co-autoria com Sérgio C. Buarque

Livros Publicados
A Borboleta Azul. Rio de Janeiro : Editora Record Ltda, 2008 p.31.

O que é educacionismo. São Paulo : Brasiliense, 2008 p.155.

Da ética à ética. Brasília : Senado Federal – Secretaria Especial de Editoração e Publicações, 2007, v.1. p.165.

Foto de uma conversa. São Paulo : Paz e Terra, 2007, v.1. p.93.

The Gold Curtain: the shocks of the end twentieth century and a dream for the twenty-first. Brasília : Senado Federal, 2007, v.1. p.168.

Un libro de preguntas. Caracas : Lithomundo, 2007, v.1. p.139.

Referências adicionais : Venezuela/Espanhol.

A Refundação da Universidade (Série Grandes Depoimentos). São Paulo : ABMES Editora, 2005, v.1. p.98.

Abolishing Poverty: a proposal for the eradication of poverty in Brazil. Brasília : Senado Federal, 2005, v.1. p.131.

La Cortina de Oro: los temores del nuevo milenio y un sueño para realizar. Buenos Aires : Lumen SRL, 2005, v.1. p.160.

O Berço da Desigualdade. Brasília : Unesco, 2005, v.01.

O livro é uma parceria com a Unesco, com fotos de Sebastião Salgado. Astrícia. São Paulo : Geração Editorial, 2004, v.1. p.198.

Um Livro de Perguntas. Rio de Janeiro : Garamond, 2003, v.1. p.138.

Os Instrangeiros – A aventura da opinião na fronteira dos séculos. Rio de Janeiro : Garamond, 2002, v.1. p.184.

Admirável mundo atual – dicionário pessoal dos horrores e esperanças do mundo globalizado. São Paulo : Editora Geração, 2001 p.333.

A Segunda Abolição – um manifesto-proposta para a erradicação da pobreza no Brasil. São Paulo : Paz e Terra, 1999 p.137.

Os Tigres Assustados – uma viagem pela fronteira dos séculos. Rio de Janeiro : Rosa dos Ventos, 1999, v.1. p.174.

A Ressurreição do General Sanchez. São Paulo : Geração, 1997, v.1. p.1.

O Que é Apartação – o apartheid social no brasil. São Paulo : Editora Brasiliense, 1996 p.91.

O Tesouro na Rua – Uma Aventura pela História Econômica do Brasil. Rio de Janeiro : Artes e Contos, 1995.

A Revolução nas Prioridades – da modernidade técnica à modernidade ética. Rio de Janeiro : Paz e Terra, 1994 p.287.

A Revolução na Esquerda e a Invenção do Brasil. São Paulo : Paz e Terra, 1992.

A Desordem do Progresso – o fim da era dos economistas e a construção do futuro. Rio de Janeiro : Paz e Terra, 1991 p.186.

O Colapso da Modernidade Brasileira – e uma proposta alternativa. São Paulo : Paz e Terra, 1991, v.1.

A Eleição do Ditador. São Paulo : Paz e Terra, 1988, v.1. Avaliação Econômica de Projetos. Rio de Janeiro : Campus, 1984, v.1. p.1.